Análise da Atividade I
Forme um triângulo com os três segmentos abaixo e, após isso, verifique se as extremidades dos segmentos estão se encontrando. Dê zoom, se preciso for.
A seguir, apresentamos uma breve descrição de como os estudantes da pesquisa reagiram a esta atividade. À medida que os grupos conseguiam entrar na atividade, eles começaram a tentar formar os triângulos. Rapidamente alguns grupos mexeram os segmentos e acreditaram que tinham conseguido montar os triângulos. Eles chamavam e perguntavam se tinham que fazer mais alguma coisa nessa atividade. Um dos grupos que estavam com o gravador de voz, o grupo 8, chamou cinco minutos depois que a atividade tinha começado. Eles disseram que a atividade era fácil demais e que já tinham conseguido. Foi explicado que para validar a atividade era necessário dar zoom e verificar se as extremidades estavam se encontrando. Após eles fazerem isso e verificarem que não estavam se encontrando, um dos integrantes desse grupo disse o seguinte à turma: "Gente, vocês vão se surpreender com essa atividade!" (excerto da gravação de voz do dia 22/08/2022, parte inicial da aula). Essa frase dita pelo estudante revela que ele se entusiasmou com o resultado encontrado e ficou curioso com a atividade. Souza (2010, p. 9) alerta que é preciso que as atividades "despertem e desafiem a curiosidade. O problema sendo provocativo certamente vai estimular e despertar o interesse do estudante a descobrir o prazer na busca da solução, pois quando ele é desafiado seu entusiasmo pela solução é despertado". Nessa atividade, sempre que eu me aproximava dos grupos, questionava-os se o que tinham feito era um triângulo mesmo e todos diziam que sim. Assim como feito com o grupo 8, era proposto que eles tentassem dar um zoom na imagem e verificassem se os segmentos estavam se encontrando. Eles seguiam isso e ficavam surpresos aos descobrirem que não. Um dos estudantes disse: "Professor, como assim? Eu jurava que era um triângulo!" (excerto da gravação de voz do dia 22/08/2022, parte inicial da aula). Essa atividade foi importante para que os estudantes entendessem algumas características dos triângulos. Por exemplo, que eles precisam ser fechados. Uma coisa que chamou a atenção ao analisar a realização da Atividade I foi a naturalidade com que os estudantes manuseavam o zoom. No GeoGebra e em qualquer tela, o zoom se trata de uma ilusão de ótica, visto que os traços do desenho aumentam dando a sensação de ampliação na imagem, quando na realidade é uma aproximação da imagem. É curioso observar que isso pareceu ser natural para os estudantes. Assim que alguém comentava sobre o zoom, automaticamente eles já mexiam na tela com os dedos em formato de pinça, a fim de fazer uma ampliação ou uma redução. Eles estão acostumados com as telas eletrônicas e com as ampliações e reduções que são feitas nelas em diversos aplicativos. Com o advento das novas tecnologias e das telas sensíveis ao toque, novos estudos sobre como as ferramentas podem ser utilizadas nesses softwares surgiram. O zoom, por exemplo, geralmente era associado a um ícone de lupa que ampliava ao fazer um clique. Dessa forma, a precisão do tanto que é ampliado é mais difícil de ser controlado do que comparado com o movimento de pinça, hoje possível com as telas sensíveis ao toque. Para Andrade, Vieira e Gonçalves (2014, p. 40), "movimentos de pinça realizam ações de zoom in e zoom out com maior precisão que as opções de lupa, fazendo com que estas percam consideravelmente sua utilidade prática". Depois de tentarem fazer os triângulos com os segmentos dados, os estudantes tinham que registrar as conclusões a que chegaram em uma folha de papel distribuída aos grupos, ilustrada a seguir.
Abaixo, descrevemos a conclusão obtida na Atividade I por cada um dos grupos. Numeramos as conclusões dos grupos de 1 a 8 e, o grupo 1 dessa atividade, por exemplo, é o mesmo grupo 1 das demais atividades. Conclusões obtidas a partir da folha de respostas da Atividade I de acordo com a numeração dos grupos:
- “A conclusão que o grupo chegou foi que não é possível fazer o triângulo perfeito.”;
- “Chegamos à conclusão que é difícil igualar os pontos.”;
- “A minha conclusão é que essa atividade seria um pouco difícil e mais seria bacana de fazer e também tranquila se dependesse do seu interesse por que se você sabe matemática seria fácil mais seria boa e interativa e também muito bacana de fazer principalmente em grupo.”;
- “Não dá pra fazer um triângulo perfeito.”;
- “O zoom é infinito, não conseguimos concluir a atividade.”;
- “A gente concluiu que o aplicativo tá com problema, porque em cada zoom que a gente dá as extremidades saíam do lugar, por mais que estejam no formato certo. Nós não conseguimos finalizar a atividade.”;
- “A conclusão é que quando aumenta não está junto e distante parece que tá, mas não tá.”;
- “Chegamos à conclusão que é impossível por causa do zoom.”.
Sobre as conclusões dos grupos, é interessante observar a conclusão do grupo 6, que parece ter entendido que, ao dar zoom, as extremidades saíam do lugar, diferentemente do grupo 7, que parece ter entendido melhor a função do zoom, em que ao ampliar é possível verificar que as extremidades não se encontram e ao reduzir elas parecem se encontrar. Um comentário expresso por um dos integrantes do grupo 8 revela compreensão semelhante à do grupo 6: "Quanto mais zoom você der, mais ele vai para frente e mais ele vai para cima. Chegamos então à conclusão que isso não tem como. Não dá" (excerto da gravação de voz do dia 22/08/2022, metade da aula). Por se tratar de uma ilusão de ótica, entende-se que esses estudantes podem ter se confundido ao pensar que os segmentos estavam se movendo, quando na verdade estava sendo feita uma ampliação. A seguir, apresentamos alguns comentários que surgiram enquanto os alunos realizavam a Atividade I.
- “Professor, esse zoom não acaba não?”;
- “Professor, o zoom é infinito?”;
- “Professor, gostei dessa experiência, viu? Só passa um pouco de raiva!”.
- “Davi, é muito difícil viu, pode preparar!”;
- “Não, não é isso! Dá zoom, dá muito zoom!”;
- “Aumenta, aumenta mais! Meu Deus, meu Deus!”;
- “Ai, que coisa chata!”;
- “Se você der zoom não ia estar encaixado.”;
- “Vai dando zoom, uma hora vai desencaixar.”;
- “Não tem como encaixar! Quanto mais zoom você der, mais vai ir pra frente, mais vai ir pra cima. Chegamos então à conclusão que isso não tem como. Não dá.”;
- “Quanto mais aproxima mais longe o negócio fica.”;
- “Não dá! Cara, não dá! Tudo culpa do zoom.”;
- “Assim fica bonito, assim fica certo! Mas quando dá zoom...”.
ANDRADE, W. M.; VIEIRA, M. L. H.; GONÇALVES, B. S. Anatomia humana por aplicativos de dispositivos móveis. Design e Tecnologia, v. 4, n. 07, p. 36-43, 2 jul. 2014. SOUZA, A. D. O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense. Paraná, v. 1, p. 9, 2010.